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domingo, 14 de junho de 2015

O uso dos porquês

No Brasil, usamos quatro tipos:
a)           por que, separado e sem acento;
b)           por quê, separado e com acento;
c)           porque, junto e sem acento;
d)           porquê, junto e com acento.   
Vejamos, então, quando devemos usar cada um deles.

1. POR QUE, SEPARADO E SEM ACENTO:
Geralmente, esse é o que mais suscita dúvidas, pois há várias circunstâncias em que deve ser empregado. Devemos usar por que, separado e sem acento, nas seguintes circunstâncias:
a)        Nas frases interrogativas diretas e indiretas. As orações interrogativas diretas são as iniciadas por pronome (ex.: qual) ou advérbio interrogativo (ex.: onde) e finalizadas por ponto de interrogação. Já as orações interrogativas indiretas não são iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo e são finalizadas por ponto final em vez de ponto de interrogação. Veja os exemplos abaixo:
Por que você demorou tanto? [= interrogativa direta]
Ninguém sabe dizer por que ele agiu desse modo. [= interrogativa indireta]
Quero saber por que você não veio à aula na semana passada. [= interrogativa indireta]
b)        O por que também será separado e sem acento sempre que estiverem expressas ou subentendidas as palavras motivo, razão. Veja os exemplos abaixo:
Não sei por que [razão] ele se aborreceu tanto.
Eis por que [motivo] não lhe telefonei antes.
c)         O por que ainda será separado e sem acento quando ele puder ser substituído pelos pronomes relativos pelo qual, pela qual, pelos quais ou pelas quais. Observe o exemplo abaixo:
A avenida por que [= pela qual] vim está em péssimo estado de conservação.
Ninguém sabe a razão por que [= pela qual] ele assim procedeu.
2. POR QUE, SEPARADO E COM ACENTO:
Usa-se por quê, separado e com acento, sempre que ele aparecer no final de uma frase, isolado em uma frase ou mesmo sozinho em uma frase (ou seja, quando a frase for constituída apenas por ele) e, além disso, vier anteposto a um sinal de pontuação, sinal esse que não precisa ser, necessariamente, de interrogação, podendo ser um ponto final, um ponto de interrogação, um ponto de exclamação, uma vírgula ou um ponto e vírgula. O importante, aqui, é que ele venha anteposto a uma pausa breve ou longa, indicada por um sinal de pontuação. Observe os seguintes exemplos:
A menina chorava, chorava sem saber por quê. [= no final da frase]
Você não fez, por quê, seu preguiçoso? [= isolado na frase]
O candidato não sabe por quê, nem como, nem onde sua campanha política falhou. [= isolado na frase]
Você foi demitido de novo? Por quê? [= sozinho na frase]
Dica - Veja que, nos exemplos acima, ele está anteposto a um sinal de pontuação. 
3. PORQUE, JUNTO E SEM ACENTO:
Usa-se porque, junto e sem acento, nas seguintes circunstâncias:
a) Quando ele equivaler a pois (explicação) ou equivaler a uma vez que, já que, visto que (causa). Veja os exemplos abaixo:
Ajude-o a subir as escadas, porque ele quebrou o pé. [porque, nesse caso, introduz uma explicação, pois não há relação de causa e efeito entre as orações que constituem o período]
Ele faltou à prova, porque estava com meningite viral. [porque, nesse caso, introduz uma causa, pois há relação de causa e efeito entre as orações que constituem o período]
b) Sempre que ele for empregado no início de respostas. Observe os exemplos abaixo:
Por que você não entregou o relatório pedido pela professora?
Porque não consegui concluí-lo até a data de entrega.
4. PORQUÊ, JUNTO E COM ACENTO:
Esse é o mais fácil de todos, pois só pode ser usado em uma única circunstância, qual seja: quando equivaler a um substantivo e, por essa razão, admitir a anteposição de um artigo definido (o, a, os, as) ou indefinido (um, uns, uma, umas). Ou seja, o porquê, junto e com acento, é usado apenas quando ele for substantivado, situação em que será antecedido de um artigo definido ou indefinido. Nesse caso, o porquê poderá ser substituído pelas palavras motivo ou razão, como se nota no exemplo abaixo:
Pressionada, a presidente explicou o porquê de sua renúncia.
Eis o porquê de não lhe ter telefonado antes: meu celular estava sem bateria.
Vale ressaltar que, relativamente ao uso dos porquês, há diferenças entre Brasil e Portugal. Lá, o por que separado é empregado apenas quando equivale aos pronomes relativos por qual ou pelo qual. Do contrário, usa-se porque junto. Apesar das diferenças, os portugueses, principalmente por influência da forma usada no Brasil, não consideram errado o uso do por que separado e seguido mentalmente da palavra razão ou motivo. Observe estes exemplos retirados de um jornal português:
“Mas há coisas que, não tendo barbas por fora, as têm por dentro. Por exemplo: os sorrisos que sempre se exibem em protocolos e acordos multilaterais. Desta vez excederam o que seria suportável. Há dias, vimos Robert Mugabe e Morgan Tsvangirai a apertarem as mãos num clima de gargalhada geral. Poucos entenderão porque se riam tanto, à roda deles, nem porque parecia tão falsa aquela encenação. [...]”
Nesse trecho da matéria jornalística, nota-se que os dois porquês negritados seriam grafados separados no Brasil, por corresponderem à expressão por que motivo ou por que razão