segunda-feira, 9 de abril de 2012

“Pérolas” das redes sociais

Segundo um de meus alunos, o texto abaixo está circulando entre os usuários de uma famosa rede social:
“O conhecimento não pode substituir a amizade. Eu prefiro ser um idiota à que te perder.”

Na segunda sentença dessa “pérola”, temos um problema de regência verbal. Embora na linguagem informal usemos a regência “preferir uma coisa do que outra”, a norma-padrão da língua portuguesa condena o uso dessa regência. Segundo a norma culta, a regência correta do verbo preferir, com o sentido de “escolher uma pessoa ou coisa entre outras”, é “prefir uma coisa a outra”. O verbo preferir é bitransitivo, ou seja, necessita de objeto direto e indireto. Além disso, preferir pede a preposição A. Por isso, a forma gramaticalmente correta é:
(...) Eu prefiro ser um idiota a te perder. [Sem crase, pois não se usa crase antes do pronome oblíquo átono “te”.]

Ainda assim, a “pérola” postada na rede social não tem sentido algum. Por que se deve preferir a amizade ao conhecimento, se não existe qualquer relação entre uma coisa e outra? E,  justamente por não serem equivalentes, a amizade não pode substituir o conhecimento nem este pode substituir aquela.

É pena que tantas pessoas prefiram ler as redes sociais a ler os clássicos da arte literária.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena

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