quinta-feira, 15 de março de 2012

Ambiguidade causada por "o(a) mesmo(a)" ou "o(a) referido(a)"


Você já prestou atenção à placa afixada na porta dos elevadores? Ela é fruto da Lei nº 9.502/97. Nessa placa, consta a seguinte recomendação:

“Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar.”

O problema dessa advertência está no uso de o mesmo que enfeia a mensagem e, em alguns casos, pode causar ambiguidade. Não se trata, portanto, de erro, mas sim uma questão de estilo. Veja como seria fácil resolver esse problema:

“Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se parado neste andar.”

Ou seja, para garantir a coesão entre a primeira e a segunda oração e melhorar a mensagem, bastaria retirar a expressão o mesmo e substituí-la pela palavra elevador. Assim, a recomendação que somos obrigados a ler sempre que estamos diante das portas de um elevador ficaria mais bem escrita.

Embora não seja o caso da placa do elevador, o uso de o(a) mesmo(a), além de enfear a mensagem, pode gerar ambiguidade, especialmente quando há mais de um elemento ao qual o mesmo pode se referir. Observe este exemplo que me foi enviado por um de meus alunos:

“Para que os proponentes possam captar recursos para os seus projetos usando os benefícios das leis de incentivo, é necessário que os mesmos sejam avaliados pelas comissões de análise de projetos.”

Nesse caso, não nos é possível afirmar se os mesmos se referem a proponentes ou a projetos. Afinal, as comissões deverão avaliar os proponentes ou os projetos, antes de liberar os recursos? Impossível saber!

Essa é a razão pela qual os estudiosos da língua portuguesa recomendam que expressões como o(a) mesmo(a) ou o(a) referido(a) não sejam empregadas na escrita.

Um abraço e até a próxima.

Sandra Helena