sábado, 15 de outubro de 2011

Em uma das ruas do centro de São Paulo...

Em uma das ruas do centro de São Paulo, recebi um papelucho, distribuído a mando de uma Futuróloga, que continha a seguinte passagem:
"Se você está atravessando uma fase complicada ou simplesmente tem dúvidas relacionadas à finanças, negócios, mudanças, amor ou qualquer outra questão de seu interesse." 
E assim terminava o período! 

Por mais absurdo que nos possa parecer, não são poucos os textos iniciados por orações subordinadas adverbiais que não apresentam a oração principal e que, justamente por isso, ficam sem sentido algum para quem os lê. A oração do exemplo é iniciada pela conjunção "se", que, nesse caso, equivale a "caso". Por isso, corresponde a uma oração subordinada adverbial condicional que necessita da oração principal para ter sentido completo. Como a oração principal simplesmente não existe, o período não tem sentido algum.

Mas não é só isso! Além desse problema, o período apresenta um erro de crase na expressão "relacionadas à finanças", pois não podemos usar crase quando o "a" estiver no singular e a palavra que vem depois dele estiver no plural.

Se você tem algum exemplo igualmente absurdo ou alguma dúvida de português, poste aqui, para que eu possa comentar sua postagem ou responder à sua dúvida.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena   

2 comentários:

  1. Olá Sandra Helena,
    Tudo bem?
    Será que você pode solucionar uma dúvida de português?
    Eu viajo com frequência ao Rio Grande do Sul e, nessas viagens, percebi que as pessoas de lá utilizam frequentemente a palavra "recém", porém desconfio que esse uso esteja incorreto.
    Ex.1: Maria recém chegou. (ao invés de "Maria chegou" ou "Maria acabou de chegar")
    Ex.2: João recém começou a apresentação.
    Ex.3: Paula recém reformou seu apartamento.

    Gostaria de saber se a incorreção reside apenas num pleonasmo ou se existe algum erro de ordem gramatical.
    Quando pedi para que o meu marido (gaúcho) não usasse o "recém" expliquei que o adjetivo não pode modificar o verbo. Na ocasião, ele aceitou e ficou por isso, mas eu comecei a pensar sobre o assunto e percebi que a minha explicação NÃO está correta.
    Lembrei de diversos exemplos em que adjetivos modificam verbos.
    Ex.: Maria gritou alto.
    Ex.: O vento fez com que a porta batesse forte.

    Eu não me recordo com precisão das aulas de análise sintática, mas pensava que o adjetivo pudesse exercer apenas 2 funções sintáticas: adjunto adnominal ou predicativo (do sujeito ou do objeto), mas nos exemplos mencionados, eles funcionaria como adjunto adverbial, correto? Por isso ele modifica o verbo.
    Então qual a explicação para não usarmos o "recém" que tanto me irrita!!
    Se puder me esclarecer, ficaria muito grata!
    Meu e-mail é danielaporto82@hotmail.com

    Abraços,
    Daniela

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  2. Olá, Daniela,

    Na verdade, "recém" é um advérbio e não um adjetivo e, justamente por essa razão, é usado para modificar o verbo, o adjetivo ou outro advérbio.
    Nos exemplos "Maria gritou alto"
    e "O vento fez com que a porta batesse forte", tanto o "alto" como o "forte" são adjuntos adverbiais de modo.
    Quanto ao regionalismo comentado por você, embora ele não faça parte da norma padrão da Língua Portuguesa, equivale ao advérbio "recentemente" e, provavelmente, é muito empregado pelos falantes do Rio Grande do Sul, simplesmente porque obedece à lei do menor esforço.
    Abraço,
    Sandra Helena

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