terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Suicidar ou suicidar-se?



Embora o sui signifique de si e equivalha ao prefixo grego autós, o verbo suicidar-se sempre foi pronominal, ou seja, sempre fez-se acompanhar do pronome reflexivo se.

Para justificar a presença do pronome se em um verbo que já traz esse pronome em seu prefixo, José Maria da Costa, em seu Manual de Redação Profissional (2007), coloca duas citações de dois importantes estudiosos da língua portuguesa – Cândido de Figueiredo e Domingos Paschoal Cegalla –, citações essas que transcrevo abaixo:

“[...] em suicidar já consideramos de fato uma ação reflexa; mas como esse verbo, sem o pronome se, nunca existiu em português, pouco importam as nossas filosofias, e temos de aceitar os fatos incontestáveis da linguagem. Suicidar-se é fato corrente e constante nos vários períodos da nossa língua, e não temos que corrigi-lo. Aquela suposta redundância não é coisa insulada na história da língua.” [CF]

“a língua nem sempre se submete ao jugo da lógica.” [DPC]

Aliás, para confirmar a citação de Cegalla, basta nos lembrarmos de que, etimologicamente falando, o sentido do vocábulo caligrafia é boa letra, bom estilo e nem por isso é incorreto ou redundante falar ou escrever Ele tem um boa (ou bela) caligrafia, visto que se perdeu por completo o sentido etimológico dessa palavra.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena

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