segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tenho uma dó ou tenho um dó?

O vocábulo dó, quando expressa um sentimento de pena em relação a alguém, a si próprio ou a alguma coisa, é um substantivo masculino e não feminino.  A confusão ocorre pela seguinte razão: como pena, que é sinônimo de, é um substantivo feminino, a maioria das pessoas acha que as duas palavras pertencem ao mesmo gênero. Mas só é feminino quando significar a primeira nota da escala musical.

Por isso, em Tenho uma dó dele(a) há um erro de concordância nominal. O correto é: Tenho um dó dele(a).

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena

Sombrancelha ou sobrancelha?


Um ex-aluno me enviou essa foto. Nela, podemos identificar ao menos três problemas: primeiro, não é sombrancelha, mas sim sobrancelha cujos sinônimos são sobrecílio, sobreolho, sobrolho, supercílio; segundo, não é designer [desenhista], mas sim design [desenho] de sobrancelha (melhor seria substituir o anglicismo por um correlato da língua portuguesa como, por exemplo, desenho ou modelagem); terceiro, a oração "Ganhe o buço" é ambígua, pois sugere que a cliente ganhará um buço, coisa que, definitivamente, nenhuma mulher gostaria de ganhar.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena 

domingo, 16 de outubro de 2011

Notícias sobre a Lingua Portuguesa

Na Folha de S. Paulo de hoje, 16/10/2011, foi publicada uma matéria intitulada "Português POP". Segundo a matéria, a demanda pelo aprendizado da língua portuguesa - 6ª mais falada no mundo com cerca de 250 milhões de falantes - aumentou  muito nos últimos anos em função do crescimento da economia brasileira. Os cinco primeiros idiomas mais falados no planeta são o chinês (1ª), o hindi (2ª), o inglês (3ª), o espanhol (4ª) e o árabe (5ª). Evidentemente, o fato de uma língua ser mais ou menos falada relaciona-se não só à hegemonia econômica e militar de seu país de origem, mas sobretudo ao número de falantes nativos dessa língua. 

De acordo com o Itamaraty, que mantém 22 centros culturais fora do País e auxilia financeiramente outros 7, o número de estudantes de português passou de 19.306, em 2005, para 31.701, em 2010. O número de alunos inscritos no Celpe-Bras, exame de proficiência em língua portuguesa aplicado em 48 países, também aumentou, passando de 1.155 para 6.139, na última década.
Viram como nosso língua é importante no cenário internacional?!

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena

Confusão entre passado e futuro dos verbos

Recebi uma mensagem que continha a seguinte sentença:
"Vocês participaram de um evento incrível [...]"
Ocorre que o evento de que tratava a mensagem ainda não havia acontecido. Na verdade, ele aconteceria somente dois dias depois da postagem da mensagem. Portanto, o emissor deveria ter usado o verbo "participar" no futuro do presente do modo indicativo (participarão) e não no pretérito perfeito do modo indicativo (participaram). 

Embora nos pareça grosseiro (e de fato o seja), esse erro é bastante comum. Não são poucas as pessoas que, atualmente, confundem o passado e o futuro dos verbos. Para evitar tal confusão, basta lembrar que a terceira pessoa do plural (eles) do futuro do presente do indicativo termina em ão e deve ser usada para indicar ações, tidas como certas ou praticamente certas, posteriores ao momento da fala, e que a terceira pessoa do plural (eles) do pretérito perfeito do indicativo termina em am e deve ser usada para indicar ações já concluídas no passado.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena




"Pois" em início de período

Um de meus alunos me entregou um papelucho sobre esoterismo cuja mensagem terminava assim:
"Irmã ... realiza os trabalhos em sua presença. Venha ver para crer. Pois uma nova tentativa poderá mudar sua vida."
O problema apresentado por esse trecho é a presença de um ponto final que separa a oração prinicipal da oração coordenada explicativa iniciada por "pois". Nesse caso, como a segunda oração explica a primeira, as duas devem fazer parte do mesmo período, podendo, no máximo, vir separadas por uma vírgula. 
Lembramos que "período" é uma frase (ou um enunciado de sentido completo) que contém uma ou mais orações. O período pode ser simples, se constituído de apenas uma oração, ou composto, se constituído de duas ou mais orações. Os compostos podem apresentar orações coordenadas (caso do nosso exemplo) e/ou subordinadas.

Voltando ao nosso exemplo, é importante ter em mente que não se pode iniciar um período pela conjunção "pois", seja ele constituído de oração coordenada explicativa ou subordinada causal, já que ambas - a explicativa e a causal - compartilham a conjunção "pois". É justamente por essa razão que alguns vestibulares do País alertam os candidatos a não iniciarem as respostas discursivas por "pois", sob pena de terem a resposta anulada. 

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena

sábado, 15 de outubro de 2011

Em uma das ruas do centro de São Paulo...

Em uma das ruas do centro de São Paulo, recebi um papelucho, distribuído a mando de uma Futuróloga, que continha a seguinte passagem:
"Se você está atravessando uma fase complicada ou simplesmente tem dúvidas relacionadas à finanças, negócios, mudanças, amor ou qualquer outra questão de seu interesse." 
E assim terminava o período! 

Por mais absurdo que nos possa parecer, não são poucos os textos iniciados por orações subordinadas adverbiais que não apresentam a oração principal e que, justamente por isso, ficam sem sentido algum para quem os lê. A oração do exemplo é iniciada pela conjunção "se", que, nesse caso, equivale a "caso". Por isso, corresponde a uma oração subordinada adverbial condicional que necessita da oração principal para ter sentido completo. Como a oração principal simplesmente não existe, o período não tem sentido algum.

Mas não é só isso! Além desse problema, o período apresenta um erro de crase na expressão "relacionadas à finanças", pois não podemos usar crase quando o "a" estiver no singular e a palavra que vem depois dele estiver no plural.

Se você tem algum exemplo igualmente absurdo ou alguma dúvida de português, poste aqui, para que eu possa comentar sua postagem ou responder à sua dúvida.

Um abraço e até a próxima.
Sandra Helena